Lawtechs e legaltechs: a revolução tecnológica nos ambientes jurídicos

A história do Direito se confunde com a própria história da humanidade. Na antiga Mesopotâmia, berço de tudo o que é considerado civilizado, já existia o famoso Código de Hamurabi “olho por olho, dente por dente” (lembra das aulas do Ensino Fundamental?) para limitar o que era socialmente aceito.

Desde então, as leis, a moral e a ordem social evoluíram, especialmente a partir do Código Civil Francês, adaptado posteriormente em diversos países, como no Brasil, no início século XX. Mas em cem anos pouca coisa havia mudado no dia a dia de escritórios de advocacia, departamentos jurídicos e profissionais autônomos. Até a recente popularização das lawtechs e legaltechs no país.

O crescente número de empresas voltadas para tecnologia jurídica coincide com diversos movimentos simultâneos: consolidação das startups em diversos setores da sociedade, inovação jurídica (como a aposta do STJ em AI) e chegada de novos advogados completamente habituados às facilidades tecnológicas dos anos 2000.

Por conta disso, empresas que oferecerem softwares que organizam publicações e prazos, automação e gestão de documentos e smart contracts, por exemplo, passam a ser soluções cada vez mais naturais às realidades dos ambientes jurídicos.

Brasil já conta com uma centena de lawtechs e legaltechs

As necessidades dos profissionais do Direito possibilitam centenas de soluções tecnológicas, capazes de tornar os processos diários muito mais ágeis e menos burocráticos. Diante dessas possibilidades reais de mercado, surgiram as lawtechs e legaltechs. Na prática, as duas terminologias significam a mesma coisa: empresas de tecnologia voltadas às soluções jurídicas. A diferença é que lawtech é um termo mais comum em países da Europa e legaltechs, nos Estados Unidos.

Estima-se que atualmente existam 1,5 mil empresas de tecnologia jurídica no mundo. No Brasil, quase cem. Para organizar e unir esforços para o setor, em junho de 2017 foi criada a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), da qual a Advise é um dos membros fundadores.

Por lidar com soluções bastante específicas, a AB2L criou grupos para identificar as atuações das lawtechs associadas. São eles:

    • Gestão de Escritórios e Departamentos Jurídicos;
    • Analytics e jurimetria;
    • AI – Setor Público;
    • Resolução de conflitos online;
    • Conteúdo Jurídico e Consultoria;
    • Extração e monitoramento de dados públicos;
    • Redes de Profissionais;
    • Resolução de conflitos online.

lawtechs e legaltechs

Vantagens em usar tecnologias jurídicas

São inúmeras as vantagens para os escritórios, departamentos e profissionais do setor jurídico em adotarem as soluções tecnológicas em suas rotinas.  Entre os principais pontos, aumento da eficiência e da produtividade em atividades simples, mas que demandam tempo do profissional. Com isso, a tecnologia contribuiu para que o advogado possa dedicar mais tempo às questões que realmente dependam do conhecimento intelectual.

Além da desburocratização, a tecnologia dá, também, mais transparência às informações. Isso quer dizer que a organização de todas as etapas do processo permite, por exemplo, um acesso rápido e prático de qualquer informação solicitada pelo cliente ou pelos órgãos jurídicos. Além de facilitar a administração dos dados no próprio escritório.

Número elevado de profissionais torna Brasil promissor mercado de lawtechs e legaltechs

O Brasil é o país com mais cursos de Direito do mundo.  De acordo com o Ministério da Educação, atualmente são 1.174 graduações, que formam, em média, 105,3 mil bacharéis de Direito por ano. De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o país já contabiliza mais de 1 milhão de advogados.

Isso significa dizer que a cada mil brasileiros, cinco são advogados. A proporção brasileira é superior aos países com os maiores números absolutos de advogados do mundo: EUA e Índia, respectivamente. Nossa proporção só é inferior à do Paraguai, onde existem nove advogados a cada mil habitantes.

Diante disso, é cada vez mais claro para os profissionais da área que é preciso acompanhar e adotar as mudanças tecnológicas. É uma questão de sobrevivência profissional.

Aos que ainda não estão familiarizados às transformações, informar-se e acompanhar as novidades das legaltechs brasileiras é um caminho. Entender as mudanças é, também, transformar seu próprio modelo mental já que facilitações tecnológicas são realidade na vida jurídica. Em um mundo tão ágil e inovador, não há a possibilidade de dar um passo para trás.

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