Entenda o que muda no Compliance de grandes empresas para startups

Um dos maiores desafios encontrados por grandes empresas é a aplicação de um Compliance estruturado e que traga benefícios para todos.

Como você sabe, Compliance é o conjunto de normas, regras, mecanismos de controle e políticas internas que regem e regulam a atuação da empresa e de seus colaboradores.

O Compliance tem um único propósito: tornar a empresa transparente perante a lei e evitar processos e prejuízos que possam acontecer, dada a grande complexidade de atividades que grandes organizações têm.

Pode parecer simples, mas os desafios são imensos. Muitas vezes, o Compliance regula e impede atividades que serviram ao crescimento da organização. E as práticas de regulação podem esbarrar em processos já definidos e aceitos pela equipe.

Quando as startups entram na jogada, essa complexidade vira dúvida, desafio e até dor de cabeça.

São muitas as peculiaridades de uma startup. Dinamismo, agilidade, crescimento. O ritmo é muitas vezes tão rápido que a startup abre e fecha sem nunca ter pensado no seu programa de Compliance.

A diferença entre uma empresa e uma startup

As diferenças do Compliance em uma empresa para uma startup têm origem no próprio modelo de negócio de cada um.

Uma startup se caracteriza por ser uma empresa com um modelo de negócio inovador, repetível e escalável, que consegue produzir grandes lucros com um custo baixo de manutenção.

Elas atendem a uma demanda da sociedade com um custo final muito menor do que o tradicional. Embora não se limitem aos negócios digitais, uma startup precisa, necessariamente, ser inovadora para ser considerada como tal.

Risco e incerteza no Compliance para startups

A complexidade no Compliance para startups começa no cenário em que elas atuam: extrema incerteza. 

Um braço fundamental do Compliance é a gestão de riscos. O desenho e o monitoramento do nível de risco que a empresa precisa para crescer está relacionada à cultura da empresa e vontade dos stakeholders. 

Só que não existe startup sem risco. Pelo contrário: elas surgem num ambiente incerto e de alto risco, onde é praticamente impossível calcular ganhas e perdas.  A ousadia é muitas vezes mais valorizada que a estratégia nesse ambiente.  

No Compliance, a solução que pode ser adotada, a fim de não interferir o crescimento exponencial e a inovação disruptiva que startups produzem, é um trabalho criterioso de levantamento de dados e desenho de controle.

Isso ajudará a criar probabilidades de falha em determinadas linhas de atividade. Esse Compliance pode aferir melhor o planejamento estratégico da empresa e permitir que ela siga caminhos ainda mais inovadores. 

Outro benefício é que uma gestão de risco robusta proporcionará uma grande transparência de processos e permitirá que novos resultados consigam ser previstos.

Isso significa mais certeza dentro de um cenário caótico, o que atrai investidores interessados em grandes ganhos.

Quando a startup atua numa área sem Compliance: o exemplo das fintechs

Um cenário cada vez mais comum – e problemático – para o Compliance é quando as startups surgem como inovações que substituem modelos de negócio que não operam sob a prática do Compliance.

Nesses casos, os problemas são maiores. A atuação da startup pode infringir a Lei Anticorrupção ou até a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Um exemplo claro está nas fintechs de pagamento. Fintech é um tipo de startup que usa da tecnologia para inovar operações financeiras. 

Uma fintech muito conhecida é o Nubank, que surgiu como uma empresa de crédito sem taxas e anuidade. Uma solução que inovou e provocou grandes mudanças no mercado.

Outro exemplo são os serviços de Crowdfunding, que lida com capital alheio para viabilização de projetos. 

Esses dois tipos de fintechs lidam com dados de terceiros. A adoção da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) deixa claro como se dá esse tratamento, e não houver um cuidado jurídico no Compliance com a transparência desses serviços, a empresa pode se ver envolvida em processos e até falir.

Nesse caso, a empresa precisa se certificar que os dados sejam anonimizados, ou seja, sem identificação dos mesmos e informações sensíveis. Outro cuidado é que poucas pessoas tenham acesso e possam tratar esses dados.

É fundamental que esse cuidado esteja presente já na concepção da startup. Problemas futuros podem surgir até quando uma startup é vendida para uma grande empresa, ou quando é fundida com outra startup.

Um Compliance com normas claras e que preze pela transparência e conformidade com a lei evita danos futuros que muitas vezes impedem a startup de crescer.

Dá para inovar com Compliance?

Uma das razões de muitas startups não adotarem práticas rígidas de Compliance é por acharem que as normas podem impedir a cultura de inovação que é base do setor.

De fato, é uma contradição. O Compliance minimiza riscos, dá segurança para as ações da empresa. Não apenas do ponto de visto ético, mas também econômico e empresarial.

Mas dá, sim, para uma cultura de inovação e agilidade no mercado conviver com regras de Compliance

É um processo. Empresas brasileiras estão construindo sua maturidade digital com base na prática e na experiência.

Não existe uma fórmula. Mas é sabido que a não adoção de regras de Compliance para startups podem causar danos permanentes. Em especial quando a startup passa a ter um grande share de mercado e se vê envolta em novas necessidades e dilemas.

Além disso, inovar não está sempre relacionado a quebrar regras. Startups passam muito tempo validando produtos e serviços e identificando a aderência deles no mercado.  

O sucesso de uma startup muitas vezes vem da falta de qualidade e até de Compliance do setor na qual era está inserida. Não de uma inovação disruptiva. 

Nesses casos, vale uma reflexão sobre os riscos e dilemas éticos que todo empreendedor enfrenta ao inovar. Ter clara uma missão faz com que seja mais fácil avaliar o que é e o que não é importante.

Não existe uma receita pronta para adequar o ambiente ágil das startups com a celeridade do Compliance. Mas vale apostar nele desde o início.

Quanto maior a percepção de ética e transparência de uma empresa, maior as chances dela desenvolver um modelo sustentável de negócios e continuar sua missão disruptiva no mercado.

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